sábado, 22 de outubro de 2011

Bom regresso

Sempre antes de viajar, toda vez mesmo, penso na possibilidade de morrer.
Mas de boa, sem colocar peso mórbido. Vem-me o seguinte pensamento: e se o avião cair?
Acho que deve ser normal. Acredito que isso passa na cabeça de muitas pessoas. Não é a toa que existem muitos amuletos de bom regresso e tradições em cima disso.
Aqui no Japão mesmo ganhei um da Haruna, que ela comprou perto do templo dourado.
Ganhei também um origami do Tetsuya em forma de barco, dentro ele escreveu uma carta explicando a expressão japonesa GOKIGENNYO usada pelos marinheiros (ele já viajou o mundo trabalhando num navio) essa expressão, segundo ele, não quer dizer adeus. É mais o desejo de uma viagem segura ao seu destino. E de retorno. Ou somente um olá!
Quando estou iniciando uma viagem e esse pensamento de “e se o avião cair” vem, peço para que se tiver que acontecer que aconteça na volta pelo menos, depois da viagem! Mas agora que estou pra voltar peço pra que?
Peço para que os amuletos funcionem!
Acho engraçado esse pensamento sempre vir antes de viajar, já que a possibilidade de morrer sempre existe todos os dias.

Existem muitas formas idiotas de morrer.
E só dar uma olhada no “Prêmio Darwin”.
Do Wikipédia: Prêmios Darwin são honras atribuídas de uma forma irônica, cujo nome provém de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução[1]. Estes prêmios são atribuídos de forma simbólica àqueles que cometeram erros altamente absurdos ou se descuidaram idioticamente, pondo fim à própria vida ou causando a sua esterilização[1]. Estes prêmios baseiam-se no pressuposto de que estes indivíduos, ao se autodestruírem, contribuem para a melhoria do pool genético humano ao eliminarem os seus "maus" genes[1].

“Tem gente que pensa que é uma boa idéia acender um isqueiro para iluminar um tanque de gasolina, ou existe aquele ladrão que rouba a fiação elétrica sem desligar a corrente ou ainda o terrorista distraído que abre a carta-bomba que o correio lhe devolveu, por ter selos a menos!



Sempre tive medo de morrer, pois amo viver, pois tenho medo de não existir mais, medo de perder a consciência de mim mesmo. De não ser mais eu.
Então minha forma de aceitar foi procurar alguma explicação para o desconhecido. Se eu pudesse saber o que vai acontecer depois então eu poderia aceitar racionalmente o fato de que vou morrer um dia. Como qualquer pessoa que gosta de manter o controle.
Fui então dar uma olhada num monte de coisas...
A merda é que mesmo fazendo sentido um monte de crenças, até hoje eu não sei se acredito nelas.
Pois toda crença precisa, ao meu modo de ver, passar por uma linha que divide o olhar objetivo para a imaginação.
Como o nome mesmo diz, é uma crença.
Não estou negando nenhuma crença para o desconhecido.
Mesmo que tenha gente dizendo que conhece muito bem o desconhecido. Essa pessoa conhece porque ela acredita em um sistema de crenças. Mas não somos todos assim?
Não quero entrar nas questões de ciência x religião, crentes x descrentes. Ao meu modo de entender acho que nós todos acreditamos em alguma coisa.  Eu acredito que estou aqui e agora, acredito no amor, acredito que sou filho da Marilza e do Miguel. Acredito também num futuro bom pra mim. Mas não tem como ter certeza, somente acredito nisso. Isso pode ser chamado de fé? De esperança?
Pode ser que para entender o desconhecido é preciso usar a imaginação, talvez seja um canal que une os dois lados.
Mas se for como distinguir o real do imaginário?
Pode ser que nem existam dois lados, que vida e morte faça parte de uma coisa só. Mas isso sou eu usando minha imaginação.
Na minha cabeça humana tão limitada e cheia de imaginação não consigo entender um monte de coisas simples do dia-a-dia. Muitas vezes não entendo o que se passa comigo mesmo. Imagina então querer entender o metafísico. Pensa!
Mas procuro me manter aberto, às vezes sou eu que não entendo por ser teimoso, como se a verdade estivesse gritando na minha frente e eu não dando ouvido. Pode ser que sou eu que não estou no mesmo "nível". Pode ser mesmo.
Mas ao mesmo tempo preciso ser muito sincero comigo mesmo. Não quero enviesar nenhuma crença por comodismo meu.
Na duvida fica a duvida mesmo: como será na verdade?
Quanto à morte, não sei.
Deixo isso em aberto, sem conclusão.
Vou morrer num acidente de avião voltando pro Brasil, atacado por babuínos raivosos ou velhinho na minha cama?
Vou pro céu depois, pra outro plano mais sutil, reencarnar num besouro ou simplesmente parar de existir?
Espero ter tempo em vida para entender melhor essas coisas.
Agora sei que não quero viver uma vida de acordo com o que vai me acontecer depois da dessa vida.
Quero viver essa vida de acordo com essa vida.
E essa vida tem me ensinado até agora que existem coisas que não dá pra querer mudar. Umas delas é que a vida antecede a morte. Isso é uma coisa que só é possível aceitar.
Assim como não é possível a gente mudar outra pessoa.
Não é possível a gente mudar o mundo.
A mudança do outro, a mudança do mundo começa com a mudança em mim.
Mas eu continuo querendo um mundo melhor.
Onde todos são mais felizes.
Eu faço parte desse mundo também.
Eu junto com todas as coisas que vivem, que morrem e que se transformam.
Isso é uma crença minha?



              
Essa noite sonhei que chegava em casa e todos meus amigos me abraçavam!




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