Aqui no Japão notei que em todas as esquinas, em todos os cruzamentos, em cada saída de garagem tem espelhos laranja.
“Se os japoneses andassem na direção correta, e não na contramão, isso não seria necessário!”
Tchurumpá!
Mas de qualquer forma eles são muito uteis aqui.
Deste que cheguei aqui, convivendo com as pessoas, fiquei pensando muito a respeito dessa coisa de viver numa comunidade.
Parece-me que viver em comunidade é como andar de carro num lugar cheios de espelhos laranja.
Deste que fiz tokkou, percebi que eu poderia usar mais espelhos dentro de mim mesmo a fim de conseguir enxergar melhor a mim mesmo e o caminho que estou fazendo. Antes é como se eu estivesse dirigindo sem usar os retrovisores.
Aqui percebi que se souber a olhar para os espelhos laranja, que estão fora de mim, pode ser muito útil também.
Mas é preciso saber olhar no espelho laranja, quando cheguei aqui era difícil confiar nesses espelhos, era só uma bola laranja com um reflexo distorcido, eu nem chegava a tentar olhar dentro deles e ver o reflexo da esquina seguinte.
Quando aprendi a olhar neles, passei a andar mais tranqüilo.
Se pensarmos na vida como uma estrada, nós como motoristas num carro, e nas pessoas como espelhos laranja, penso que muitas vezes seus reflexos podem nos ajudar a seguir um caminho mais seguro, algumas vezes eles podem até mesmo a salvar sua vida. (se caminhão estiver chegando na próxima curva.)
Mas acontece também da gente esquecer que as imagens desses espelhos são meros reflexos, não é a imagem verdadeira, é importante saber olhar os espelhos como espelhos e saber que tipo de distorções eles fazem ou que no mínimo alguma distorção acontece.
É claro que não é somente numa comunidade que isso acontece, há espelhos em todos os lugares. Podem acontecer em todos os encontros durante a viagem da nossa vida.
Quero prestar atenção neles.
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