domingo, 20 de novembro de 2011

Ganância emocional.


Mesmo cercado de pessoas que me querem o bem, às vezes me sinto sozinho.
É como se eu tivesse uma ganância emocional, uma vontade de sempre querer um pouco mais de atenção.
Acho que se eu for bem sincero, essa coisa é a base de eu ter escolhido ser ator.
Tem dias que eu não sinto falta de atenção, que gosto de passar desapercebido e ficar mais sozinho.
Tem dias que depois de fazer alguma coisa, em seguida começo a esperar pelo “bom garoto” ou por um aplauso.
Tem dias que depois de fazer alguma coisa fico satisfeito pela simples realização daquilo. Se alguém vem agradecer eu acho muito estranho.
Na escola de kensan no Japão, teve um dia que falei alguma coisa (não lembro o que) durante a reunião e logo depois veio um puta silêncio, quando a próxima pessoa foi falar ela começou a falar uma outra coisa nada a ver com o que eu tinha colocado. Se o que eu tivesse dito fosse análogo a uma bola que eu tivesse jogado na roda, ela se transformou em balão e subiu pro céu. Foi como eu senti naquela hora. Forever alone!


Então eu falei como eu tinha me sentido.
A kanako, uma amiga que fiz no curso, disse que ela me achava engraçado. Ela me via nos intervalos fazendo graça, “batendo a cabeça nas portas baixas do Japão” e achava engraçado porque eu sou alto e desengonçado. Então ela me perguntou se eu faria a mesma coisa se não tivesse ninguém olhando, se eu era capaz de ser engraçado sozinho, fazendo graça só pra mim mesmo.
Talvez eu nunca saiba se ela tinha consciência do ponto delicado que ela estava tocando em mim. Confesso que ouvir aquilo não foi fácil. Me senti pelado porque ela conseguiu ver isso.
Hoje eu lembrei disso porque eu fiquei pensando no que eu quero fazer daqui pra frente.
(Com fim de ano chegando etc...)
E percebi que quando começo a pensar nas coisas que quero fazer acaba vindo junto vontades como; “serei reconhecido ao fazer tal coisa? Isso fará de mim uma pessoa mais querida aos olhos dos outros?”
Então me pergunto: O que eu estou querendo de verdade? É admiração?
Acontece também que mesmo quando não estou preocupado com admiração nenhuma, penso se minha escolha fará as pessoas felizes.
Me pergunto: Porque quero ver as pessoas felizes?
Então começo a perceber que o foco não está em mim, está nas pessoas fora de mim.
Porque será? De onde vem isso?
Eu não acho que isso seja só meu, eu vejo muitas pessoas preocupadas com isso também. (Pelo menos é como me parece).
E eu não estou dizendo que isso seja uma coisa ruim, talvez a busca por querer se sentir reconhecido, admirado, querido, amado, ver as pessoas felizes tenha sido o gás para impulsionar muita gente a ser o que são e de ter realizado as coisas que realizaram. Talvez grandes atores só puderam ser grandes atores por conta dessa ambição. Uma vez eu vi em uma entrevista que Gene Wilder se tornou comediante, pois quando criança gostava de fazer rir sua mãe deprimida.


Bom, não adianta muito eu ficar especulando como será pros outros. Então volto a pergunta pra mim. No fundo, no fundo o que eu quero de verdade?
E tudo o que eu puder imaginar para o futuro é uma projeção das coisas que sinto agora.
Eu gosto de quando as pessoas riem das minhas piadas, gosto de ver as pessoas felizes, gosto de poder ser eu mesmo no dia-a-dia, gosto de me sentir aceito por mim mesmo e gosto de me sentir livre. Pra mim a busca pra me sentir querido, admirado, reconhecido pelos outros dá muito trabalho. Dá muita dor de cabeça quando eu sinto que não estou sendo nenhuma dessas coisas. E todas essas coisas que eu estou sentindo estão dentro da minha forma de interpretar.
O que as pessoas vão pensar de mim?
Está dentro de mim.
O que elas estão na verdade pensando?
Eu não sei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário