quarta-feira, 15 de junho de 2011

a cabana

Hoje vou falar um pouco como foi isso.
Quando o Kaj ligou pra Daniela pra combinar sobre a nossa vinda pra sua pousada, ela disse para ele que nós ficaríamos numa "indian tend", e eu achei isso muito legal pois pensei aqui na minha cabeça que seria um chalé meio estilo indiano...não pensei na tenda de índio americano literalmente.
A idéia de passar uma semana na tenda foi impactante no começo, principalmente para as meninas.
A Déia estava muito cansada depois de ralar a semana toda no trampo e esperava poder relaxar no fim de semana. Começamos a somar as coisas: frio, vento, e se chover? poeira, alergia, os bichos podem entrar por baixo, puta! a passagem de trem foi caríssima, se converter pro real ainda!!putz...furada!
E agora? Conversamos com a Daniela e ela deu 2 quartos para passarmos a primeira noite, só que no dia seguinte chegariam mais hóspedes e a gente teria que liberar os quartos e limpar tudo bonitinho.
Sem problemas. Foi o que fizemos.
É  bom lembrar que a Daniela não está cobrando nada de nós, nós até oferecemos pagar mas ela não aceitou.
Apesar dela estar nos recebendo de bom grado, nossa primeira impressão não foi boa.
Isso foi muito legal, pois no dia seguinte, depois de dormir quentinhos e descansados nós sentamos pra conversar eu, kaj, déia e a aninha.
Começamos a pensar a respeito das expectativas que nós criamos.
O Kaj lembrou que quando ele foi pro japão, ele não tinha expectativa nenhuma de como seria, e que com esse espirito ele pode aproveitar muito mais a viagem.
Eu lembrei das minhas expectativas antes da viagem, lembrei do encontro com a turma do Gaia no Brasil no ano passado lá no Yamaghishi, de como a galera estava frustada no começo porque as coisas não estavam sendo como eles imaginaram, apesar do pessoal da vila estarem abrindo a sua essência fazendo kensan. Conversamos sobre vários temas como: ouvir, os sentidos, crenças, acreditar, consenso...
Foi legal acompanhar  lá o processo de quebra de expectativa, abrir o coração e aproveitar.
Me vi aqui no mesmo lugar do pessoal.
Lembrei da conversa que tive com o Romeu e com o Alam quando disse que queria fazer essa viagem.
Naquele dia eu queria estar de coração aberto para viver a experiência da viagem e dos lugares como eles são. Só que na hora que acontece a gente vê que não está tão aberto como gostaria.
Enfim, nós decidimos então sair pra passear e conhecer os alpes e curtir a tenda do índio naquela noite.Fizemos exatamente isso, curtimos uma fogueira, tomamos vinho e cerveja e dormimos muito bem.
Apesar de ter chovido um pouco durante a noite, ninguém passou frio, ninguém sofreu com alergia ao pó, nenhum bicho entrou por baixo e nos comeu vivo, e valeu todo centavo gasto poder passar por tudo isso e estar junto dos amigos.
A Daniela é uma mulher muito legal. Felizmente agora pouco sentamos pra ficar conversando, a questão da lingua não atrapalhou, foi só começar a falar abertamente e conseguimos nos entender bem, conversamos bastante e ela se mostrou  o tempo todo muito aberta e generosa, mas mesmo antes quando ainda não tínhamos parado pra conversar, percebi que tem muita coisa acontecendo enquanto preparamos a comida, comemos juntos com a família dela, com os convidados e trabalhando.
bom é isso.
tchau.

4 comentários:

  1. miguel!! manda abraços pra daniela!!
    estive ai na casa dela em julho de 2009.
    http://alamkenjiminowa.blogspot.com/2009/07/marceline-me-mostrando-terra-natal.html

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  2. Me pergunto se é possível não ter expectativa quando a alguma coisa. Mesmo porque, se você não cria uma expectativa, você não tem motivo nenhum para viajar.

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  3. pois é...então.
    essa coisa da expectativa dá pano pra manga.
    mas acho que no nosso caso a expectativa veio na forma como a gente estava projetando aquilo que a gente queria viver.
    e quando a realidade bate de frente com o que a gente imagina que deveria ser, pode fazer com que a gente não curta o que está na nossa frente.
    de fato a expectativa é dificil não criar, mas me pergunto com que atitude vamos encarar cada momento da viagem? se prender numa expectativa de como a gente imagina que deveria ser, pode impedir da gente aproveitar as coisas como elas são de coração aberto. E que pode ser muito legal tbm! nesse caso por exemplo, acabou sendo muito legal dormir na cabana, mas no primeiro dia a gente num tava afim mesmo, cada um de nós estava preso na imagem de como queria que fosse, eu queria ficar num lugar mais assim, a aninha queria num lugar mais assado, a deia queria mais conforto pra dormir, andar a cavalo, ir no spa...na nossa frente tinha os alpes, fogueira, comida, vinho, cerveja, amigos, tinha tbm conforto, tinha lugar pra dormir quentinho, mas a gente não estava vendo isso. antes precisamos jogar fora (vou chamar de expectativa, mas pode ser a imagem formada anteriormente) depois que isso foi deixado de lado nós pudemos aproveitar muito melhor.

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