segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Uma fómula simples

                                                  Agora vocês sabem!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A queda d`água

" Nossa vida e nossa mente são a mesma coisa. Quando percebemos este fato, não tememos mais a morte nem temos verdadeiras dificuldades em nossa vida."

Fui ao Parque Nacional de Yosemite e vi quedas d`água enormes. A mais alta tem 408 metros e a água desce como uma cortina lançada do topo da montanha. Não parece cair com velocidade, como seria de se esperar; parece cair muito devagar por causa da distância. E a água não desce como uma única torrente, mas se divide em muitas e diminutas  quedas. À distância, assemelha-se a uma cortina. E ocorreu-me que deve ser uma experiência muito difícil para cada gota d`água cair do topo de uma montanha tão alta. Leva muito tempo, você sabe, um longo tempo, para a água chegar finalmente ao fundo da catarata. Parece-me que a vida humana pode ser assim. Temos muitas experiências difíceis. mas ao mesmo tempo, pensava eu, originalmente a água não estava dividida e era um único rio. Apenas quando se dividia é que encontrava dificuldade ao cair. É  como se a água, enquanto rio, não experimentasse nenhuma sensação. Somente quando dividida em muitas gotas é que poderia começar a ter ou expressar alguma sensação. Quando olhamos um rio não percemos a atividade viva da água; mas quando apanhamos um pouco de água num balde, experimentamos algum sentimento pela água e sentimos também o valor da pessoa que a usa. Cientes, deste modo, de nós mesmos e da água, não podemos usá-la de forma meramente material. Ela é coisa viva.
Antes de nascermos, não tínhamos sentimentos éramos um com o universo. A isso chama-se "só-mente" ou "essência da mente" ou "mente grande". Após o nascimento, somos separados dessa unidade, como a água da catarata que se divide pelo efeito do vento e das rochas; só então passamos a ter sentimentos. Você tem dificuldades porque tem sentimentos. Você se apega ao que sente sem saber ao certo como é criado esse tipo de sentimento. Quando você não percebe que é um com rio ou um com o universo, você tem medo. Dividida em gotas ou não, a água é água. Nossa vida e nossa morte são a mesma coisa. Quando percebemos esse fato, não tememos mais a morte, nem temos verdadeiras dificuldades em nossa vida.
Quando a água volta à sua unidade original com o rio, deixa de ter qualquer sentimento individual; a água retoma sua própria natureza e encontra serenidade. Que contente deve ficar a água ao retornar ao rio original! Se assim for, que sentimento teremos ao morrer? Penso que somos como a água no balde. Então, quando morrermos, teremos serenidade, perfeita serenidade. Talvez nos pareça perfeito demais neste momento, tão apegados estamos aos nossos próprios sentimentos, à nossa existência individual. Nós, neste momento, temos algum medo da morte, mas, depois que retomamos nossa verdadeira natureza original, há o nirvana. Eis a razão pela qual dizemos: "atingir o nirvana é morrer". "Morrer" não é uma expressão muito adequada. talvez fosse melhor "prosseguir", ou "continuar", ou "juntar-se". Você poderia achar uma expressão melhor para a morte? Se a achar, terá uma interpretação inteiramente nova para sua vida. será como minha experiência quando vi a água descer naquela grande queda. Imagine! eram 408 metros de altura!
Nós dizemos:"Tudo surge da vacuidade". A totalidade de um rio a totalidade de uma mente é vacuidade. Quando chegamos a esta compreesão, encontramos o verdadeiro sentido da vida. Quando chegamos a esta compreensão, podemos ver a beleza da vida humana. Antes de percebermos este fato, tudo quanto vemos é só ilusão. Algumas vezes superestimamos a beleza; outras vezes a subestimamos ou a ignoramos, porque nossa mente pequena não está em sintonia com a realidade.
Falar sobre isto como estamos fazendo é bastante fácil, mas ter a experiência do sentimento real não é tão fácil. Contudo quando você compreender isto, descobrirá quão insensata era sua velha interpretação e a inutilidade dos esforços que vinha fazendo. Você encontra-rá o verdadeiro significado da vida e, apesar das dificuldades na descida vertical desde o topo até o pé da queda d`água, você apreciará sua vida.

Shunryu Suzuki